Já ouviu sobre o processo de fermentação natural para pães e massas? Eu preciso confessar que comecei a estudar mais sobre o assunto depois de experimentar um pão chamado Sourdough, muito comum em países como Estados Unidos, Inglaterra e Austrália.
Por ser comum em países de língua e colonização inglesa, pensei que fosse algo típico da cultura. Sortudos eles, eu pensava. Se esse pão é novo para ti, acredite em mim quando eu digo que é um pão sem igual.
E olha que eu A-M-O pães....
Eu brinco que eu poderia ser facilmente uma italiana, justamente por adorar pães e massas. Io mi chiamo Marcella.
Quando morava na Alemanha, todos aqueles pães expostos como bens de luxo nas vitrines das padarias mais lindas e aconchegantes, com o aroma de pão quentinho misturado ao aroma magnífico do café me fascinavam e, sinceramente, eu não me importava com as baixas temperaturas... tendo meu Bretzel e meu café na mão, eu definitivamente não queria nada mais.
Aliás, a Alemanha é definitivamente um país de pães. Encontramos padarias em cada canto, mesmo em cidades tão pequenas cuja população não passa dos 5.000 habitantes. De acordo com o Brotinstitut, o Instituto do Pão da Alemanha (!), mais de 3.000 tipos de pães são produzidos diariamente pelo país. É, parece que não preciso ser italiana, não!
História de família.
Depois de entender mais como funciona o preparo deste pão Sourdough, de fermentação natural, comecei a conversar sobre o assunto com duas pessoas especializadas: minha mãe e minha tia.
Se tu conhecesse elas, tu entenderia. Ambas estão sempre envolvidas em fornecer pães e bolachas para a família.
E aí me dei conta que não precisaria, necessariamente, achar que o pão de fermentação natural é algo inglês, pois descobri que minhas avós já faziam esse processo lá atrás e chamavam o fermento de Sauerteig.
Sauer (alemão) e sour (inglês) = azedo.
Teig (alemão) e dough (inglês) = massa.
Ok, vi que pra minha tia e minha mãe não seria uma grande novidade... mas e por que será que esse processo se perdeu no tempo?
Pães de fermentação natural tem uma durabilidade maior que os demais pães, além de ter uma probabilidade de ser bem digerido pelas pessoas que tem alguma intolerância ao fermento químico dos pães.
E foi quando entendi o processo.
Se tu já fez pão em casa tu sabe que é um processo de amassar a massa, deixar crescer, amassar mais um pouco, colocar na forma, deixar crescer mais ainda e depois assar.
E que lidamos com variantes, desde a temperatura da água para ativar o fermento, do tipo de farinha, do tempo de manejo da massa, além da temperatura do ambiente que dita quanto a massa crescerá.
[ depois disso, pensamos bem mais em jogar ou não o pãozinho duro fora, né? ]
É um processo e uma ciência. Muitos fatores e muitas variáveis. E é exatamente isso que faz a produção de pães algo tão incrível e fascinante!!
Solução.
Estabeleci, então, que vou dar uma chance para esse processo de fermentação. Encontrei uma forma de criar o meu fermento do zero.
Descobri que pra conseguir usar o fermento terei um processo de 14 dias, alimentando as bactérias da fermentação diariamente.
Mas calma, depois disso teremos o fermento para todo o sempre. Juro, sem exagero. Padarias na Europa usam o mesmo fermento há mais de 10 anos. Quanto mais "curtido", melhor o resultado do pão.
E com padarias da Europa não se discute.... se segue! :D
Essa é a introdução do motivo desse Diário da Fermentação Natural.
E é também algo para te envolver no processo e te convidar a seguir nessa jornada comigo.
Então te prepara que amanhã eu vou compartilhar quais os materiais para começarmos!
Mãos na massa. Literalmente!
Nos vemos amanhã!
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